quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O fim da 'Era Laranja' de Madrid

O mercado de transferências europeu deste ano marcou o fim de mais uma 'era' do Real Madrid. De 2006 até 2010, o Real chegou a ter seis holandeses no elenco - mais da metade da equipe, visto que todos os atletas eram constantemente convocados para sua seleção - mas não conseguiu repetir o sucesso dos compatriotas que jogaram no arqui-rival Barcelona (em 2003 o Barça chegou a ter também seis holandeses - Reiziger, van Bronckhorst, Davids, Cocu, Kluivert e Overmars - sendo que Frank de Boer, Zenden haviam jogado no clube a pouco tempo). Nesta janela de verão europeu, Rafael van der Vaart (Tottenham) e Royston Drenthe (Hercules) foram os últimos a deixar o Santiago Bernabéu. Chegaram o zagueiro Ricardo Carvalho (Chelsea), o volante Sami Khedira (Stuttgart), os meias espanhóis Pedro León (Getafe), Sergio Canales (Racing Santander), além dos jovens destaques Angel di Maria (Benfica) e Mesut Ozil (Werder Bremen). Temos que admitir que foram excelentes contratações, que visaram dar experiência a defesa e gás para o meio-campo galáctico madridista, que já contava com Kaká, Xabi Alonso e Lass Diarra - mas que não teve muita perna na última temporada com as seguidas lesões do meia brasileiro. O ataque formado por Cristiano Ronaldo, Benzema e Higuaín coloca qualquer defesa pra tremer. De fato, Mourinho montou muito bem a equipe para este ano, mas não estamos aqui pra falar do que Mourinho vai fazer ou seus novos comandados. Mas de alguns atletas que deixaram a equipe.

(Ruud van Nistelrooy)

Sob o comando de Fabio Capello, em 2006, o Real Madrid contratou o primeiro holandês deste período, Ruud van Nistelrooy, do Manchester United. Neste contexto, a equipe estava sem o seu grande finalizador, Ronaldo, que se contundia com freqüência e posteriormente se transferiu para a Milan. A equipe ainda tinha Raul, Robinho e Cassano para completar a posição, e contratara também o jovem Gonzalo Higuaín. Esse foi um período pós-galáctico em que a equipe começou a investir em jogadores jovens de outros países (como Fernando Gago e os próprios Robinho e Higuaín) e acabou esquecendo de alguns valores espanhóis (tendo disperdiçado neste período jogadores como Arbeloa, Mata, Negredo e Borja Valero, que foram estourar em outros clubes). Com a saída de Capello no final desta temporada e a chegada de Bernd Schuster, ex-treinador do Getade, o Real se tornou mais laranja ainda. Nesta temporada, o Real adquiriu o lateral-esquerdo Royston Drenthe, do Feyenoord, e os meias Wesley Sneijder, do Ajax, e Arjen Robben, do Chelsea, enquanto os galácticos Roberto Carlos, Beckham e Emerson se despediam da Espanha. Neste ano o Real foi bicampeão espanhol com sobras, dando crédito a equipe e ao treinador para o ano seguinte, quando chegaram o meia Rafael van der Vaart, do Hamburg, e o atacante Klaas-Jan Huntelaar, do Ajax.

(Wesley Sneijder)

Porém, 2009/10 foi mais complicado para o Real Madrid com a reascensão barcelonista, deixando os merengues com o vice-campeonato e dois treinadores a mais na história do clube - durante a temporada Schuster foi substituído por Juande Ramos, que não resistiu no fim da temporada. Para seu lugar, chegou o chileno Manuel Pellegrini, que ficou encarregado de organizar a nova 'era galáctica' (iniciando a decadência da 'era laranja') do Real Madrid, que traria ao clube nomes como Cristiano Ronaldo, Kaká, Karim Benzema, Xabi Alonso e Raul Albiol. Neste ano começou a debandada dos holandeses, que tinham o aval do treinador Schuster como certeza de permanência. Assim, seguiram seus rumos os meias Wesley Sneijder (Inter-ITA), Arjen Robben (Bayern München-GER), e os atacantes Huntelaar (Milan-ITA) e van Nistelrooy (Hamburg-GER).

(Arjen Robben)

O Real Madrid, pelo menos para dois destes atletas, foi um excelente estágio. Sneijder e Robben comandaram suas equipes até a final da UEFA Champions League da temporada 2009/10, que acabou ficando com os italianos maestrados pelo pequeno gênio. Enquanto o Real Madrid sofria com as lesões de Kaká e Cristiano Ronaldo, Robben marcou 16 gols no campeonato alemão, 4 na UCL e assistiu Sneijder organizar a Inter e levantar a taça. Não só bastasse, o Real Madrid foi eliminado na Liga dos Campeões nas oitavas-de-final e ficou com o bi-vice-campeonato espanhol - enquanto o Bayern e Inter foram campeões nacionais. Huntelaar, na Milan, chegou ao terceiro lugar no campeonato italiano e essa temporada seguiu para o Schalke 04, da Alemanha. Van Nistelrooy, próximo de encerrar a carreira no Hamburg, chegou as semi-finais da Europa League, eliminado por muito pouco pelo Fulham, da Inglaterra, além de um desagradável 7º lugar na Bundesliga. Nesta temporada, os últimos holandeses deixaram o Real Madrid, van der Vaart rumo ao Tottenham, da Inglaterra, prometendo uma grande dupla de meio-campo com o croata Luka Modric para a disputa da UCL (no mesmo grupo que Inter e Werder Bremen), e Drenthe, que fará companhia à David Trezeguet e Nelson Valdez, no Hercules - uma das equipes pequenas que prometem aprontar neste campeonato espanhol. Sabemos que dificilmente os últimos moicanos superarão seu ex-clube como fizeram os gênios Sneijder e Robben, mas esta temporada será uma boa prova para esses holandeses se seu 'estágio' no Real Madrid ajudou-os a amadurecer.

Nenhum comentário: